Excessos e extremos - do Blog da Carla Rodrigues
"Existe algo muito errado numa civilização na qual, de um lado, 1% das mulheres do mundo sofrem de anorexia – e podem ter como destino a morte, como a da modelo Ana Carolina Reston, 21 anos, 1,74, 40 quilos – e a obesidade entre crianças cresceu a taxas de 240% no Brasil. Ser magra demais a ponto de morrer por isso – de tão debilitado o organismo de Ana Carolina não suportou o que era para ser uma simples infecção urinária e se transformou numa infecção generalizada – ou ser gordo demais a ponto de a medicina classificá-lo como portador de obesidade mórbida. Extremos, excessos, radicalizações: o mundo parece cada vez mais polarizado.
A anorexia e a bulimia são transtornos alimentares identificados pela medicina desde o século 17. A doença é aparentemente resultado da combinação entre baixa auto-estima, insegurança e profunda necessidade de agradar aos outros. No entanto, essa explicação psicológica coloca a paciente como responsável pelo mal que a acomete. E, por mais masoquista que seja a decisão de não se alimentar, é simplista demais jogar a culpa em quem aparentemente se rendeu ao excesso de vaidade e morreu por causa disso.
Trabalho da psicanalista Silvia Alexim Nunes discute como os meios de comunicação influenciam o comportamento de adolescentes em busca de se livrarem do mal-estar dos seus corpos em transformação: a anorexia e a bulimia são doenças que começam nessa etapa da vida. Ela mostra que, para essas meninas, “sucesso é felicidade e, mais ainda, que ambos dependem, principalmente para as mulheres, da beleza e do cultivo do corpo.”
Se na modernidade o ideal de felicidade passava pelo desenvolvimento de uma interioridade sensível, na pós-modernidade a identidade está dada pelo que Silvia chama de tríade beleza-saúde-juventude.
Ana Carolina tinha de IMC – o índice usado pela OMS para medir a massa corporal – apenas 13, quando deveria ser de, no mínimo, 18. Decisão recente determina que modelos com IMC abaixo do normal não podem desfilar. A regra seria uma forma de não estimular comportamentos como o da modelo paulista e equivale à proibição do fumo em restaurantes e locais públicos. Tem a intenção de inibir, mas não o poder de impedir que meninas continuem desejando transformar-se em cabides perfeitos.
A liberdade individual, argumento irrefutável e bastante utilizado nas comunidades que defendem o direito à anorexia e à bulimia, precisa de um limite para jovens como Ana Carolina não sejam vítimas de si mesmas. Mas enquanto os excessos e extremos forem marca do nosso tempo, pouco se poderá fazer por elas."
"Existe algo muito errado numa civilização na qual, de um lado, 1% das mulheres do mundo sofrem de anorexia – e podem ter como destino a morte, como a da modelo Ana Carolina Reston, 21 anos, 1,74, 40 quilos – e a obesidade entre crianças cresceu a taxas de 240% no Brasil. Ser magra demais a ponto de morrer por isso – de tão debilitado o organismo de Ana Carolina não suportou o que era para ser uma simples infecção urinária e se transformou numa infecção generalizada – ou ser gordo demais a ponto de a medicina classificá-lo como portador de obesidade mórbida. Extremos, excessos, radicalizações: o mundo parece cada vez mais polarizado.
A anorexia e a bulimia são transtornos alimentares identificados pela medicina desde o século 17. A doença é aparentemente resultado da combinação entre baixa auto-estima, insegurança e profunda necessidade de agradar aos outros. No entanto, essa explicação psicológica coloca a paciente como responsável pelo mal que a acomete. E, por mais masoquista que seja a decisão de não se alimentar, é simplista demais jogar a culpa em quem aparentemente se rendeu ao excesso de vaidade e morreu por causa disso.
Trabalho da psicanalista Silvia Alexim Nunes discute como os meios de comunicação influenciam o comportamento de adolescentes em busca de se livrarem do mal-estar dos seus corpos em transformação: a anorexia e a bulimia são doenças que começam nessa etapa da vida. Ela mostra que, para essas meninas, “sucesso é felicidade e, mais ainda, que ambos dependem, principalmente para as mulheres, da beleza e do cultivo do corpo.”
Se na modernidade o ideal de felicidade passava pelo desenvolvimento de uma interioridade sensível, na pós-modernidade a identidade está dada pelo que Silvia chama de tríade beleza-saúde-juventude.
Ana Carolina tinha de IMC – o índice usado pela OMS para medir a massa corporal – apenas 13, quando deveria ser de, no mínimo, 18. Decisão recente determina que modelos com IMC abaixo do normal não podem desfilar. A regra seria uma forma de não estimular comportamentos como o da modelo paulista e equivale à proibição do fumo em restaurantes e locais públicos. Tem a intenção de inibir, mas não o poder de impedir que meninas continuem desejando transformar-se em cabides perfeitos.
A liberdade individual, argumento irrefutável e bastante utilizado nas comunidades que defendem o direito à anorexia e à bulimia, precisa de um limite para jovens como Ana Carolina não sejam vítimas de si mesmas. Mas enquanto os excessos e extremos forem marca do nosso tempo, pouco se poderá fazer por elas."
Realmente, sei o que leva estas meninas a fazerem isso, mas decididamente, não consigo compreender o que fazem consigo mesmas.
Estas atitudes são incentivadas e vendidas pela mídia, pelas agências de modelos, pelos próprios estilistas, como pré-requisito para que elas possam entrar no mundo da Moda. E existem casos, também, fora do mundo da Moda.
Temos amigas, vizinhas, primas, colegas, que se iludem com esta imagem.
Não tem por que estas meninas fazerem isso, falo "meninas" porque realmente elas começam com esta história desde muito cedo, desde quando com 12, 13 anos elas decidem que querem ser modelos, famosas e ricas.
E o pior, é que muitas vezes, as mães são as maiores incentivadoras para que entrem no mundo da Moda.
Mas as mães não sabem que armadilha estão entregando suas meninas.
Nossa ! Vamos colocar as mãos na consciência e ver o que estamos fazendo com nossas meninas.
Certo dia, um médico disse para minha prima que tinha de emagrecer 6Kg, caso contrário ela corria risco de ser obesa.
Veja bem, as mulheres da minha família até têm uma certa "tendência", vamos assim dizer, para engordar. Mas agora dizer para uma menina que está com apenas 20 anos, com peso normal, que ela tem de emagrecer 6Kg, para não correr o risco de ficar obesa mais tarde. Isso é uma loucura !
Caros médicos de plantão, caras mães, prezadas tias, queridas meninas, por favor, vamos rever nossos conceitos certo ?
O bom senso agradece !
Antes de terminar, gostaria de Parabenizar aos organizadores dos desfiles de Moda na Europa, que neste ano, já barraram modelos magras demais na passarela.
Segundo o Blog da Carla Rodrigues: "A nova temporada de desfiles de moda na Europa não vai ser igual aquela que passou. As modelos que tiverem índice de massa corporal (IMC) inferior a 18 kg/m², considerado ideal pela OMS, não poderão desfilar, informa a BBC. A medida eliminou 30% das potenciais participantes dos desfiles e foi saudada pela Associação para Anorexia e Bulimia da Espanha."
Cris Koehler.
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