sábado, outubro 30, 2010

"Aprendizagem em Ambientes Virtuais: o olhar do aluno sobre o próprio aprender !"

Alexandra Lorandi Macedo
Patrícia Alejandra Behar

Resumo

O presente artigo aborda a concepção do aluno sobre a própria aprendizagem
ao utilizar ambientes virtuais e, para isso, considera as vivências do sujeito neste tipo de ambiente. A plataforma ROODA sustentou a coleta de dados que foi realizada com alunos do curso de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A teoria de Jean Piaget foi o referencial utilizado durante o desenvolvimento da pesquisa. As conclusões apontam para uma concepção de aprendizagem que ultrapassa a simples utilização do virtual e indica, como significativo, o trabalho que atinge diretamente as estruturas cognitivas.

Palavras-chave: aprendizagem, ambiente virtual, educação a distância.

Texto Completo

Alexandra Lorandi Macedo - É Pedagoga, Mestre em Educação (PPGEDU/UFRGS) e pesquisadora no Núcleo de Tecnologia Digital Aplicada à Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NUTED/UFRGS). E-mail:a.macedo@terra.com.br.

Patrícia Alejandra Behar - É
Doutora em Ciência da Computação, professora da Faculdade de Educação/UFRGS, do Pós-Graduação em Educação (PPGEDU/UFRGS) e do Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE/UFRGS). Coordenadora do Núcleo de Tecnologia Digital Aplicada à Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NUTED/UFRGS). E-mail: pbehar@terra.com.br.

quinta-feira, outubro 28, 2010

"Aprendizagem em Mundos Virtuais: Viver e Conviver na Virtualidade"


Eliane Schlemmer

Resumo

Esse artigo apresenta uma discussão sobre a aprendizagem em mundos virtuais, explicita algumas teorias e concepções epistemológicas e foca na concepção interacionista/construtivista/sistêmica como pressuposto do desenvolvimento do trabalho, evidenciando a compreensão sobre a aprendizagem, conhecimento e desenvolvimento. Analisa as transformações sociais e as novas formas de pensamento oriundas das mudanças dos meios tecnológicos, bem como as transformações de tempo e espaço originadas pelo uso das Tecnologias Digitais – TDs. A discussão sobre a aprendizagem em Mundos Virtuais se dá a partir das análises das percepções dos sujeitos sobre o seu processo de aprendizagem na construção do Mundo Virtual AWSINOS, expressas em registros nos diários da comunidade “Mundo Virtuais – Pesquisa”, criada no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. Esse estudo evidencia que uma das formas de buscar uma maior compreensão sobre a aprendizagem com o uso das TDs consiste, além de realizarmos experimentos utilizando criações tecnológicas a partir de teorias e metodologias consagradas, num processo de auto-conhecimento com relação a como percebemos e representamos a nossa própria aprendizagem, e nesse caso, o pesquisador também se inclui.

Palavras-chave: aprendizagem, interação, tecnologias digitais.

Texto completo

Eliane Schlemmer - É Doutora em Informática na Educação e Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

quarta-feira, outubro 27, 2010

"A Evolução das Estruturas Cognitivas e o Papel do Senso Comum"


Júnior Saccon Frezza
Tania Beatriz Iwaszko Marques

Resumo
Há muitas teorias que tentam explicar a possibilidade de conhecer. Se há muitas teorias é porque esse é um tema desafiador que merece grande atenção. O Empirismo, que entende a mente como uma máquina fotográfica registrando o real tal e qual, sem nada a acrescentar a ele, vê o sujeito como tábula-rasa. O Apriorismo, por sua vez, tem a noção de que a mente humana já é algo pronto, acreditando que a criança nasce com todas as estruturas perceptivas, sendo papel da maturação desperta-las.

No entanto, acreditamos ser o conhecimento construído pelo sujeito, sendo este agente de sua aprendizagem, e não um ser passivo, como julgam o Empirismo e o Apriorismo. Com isso, tem-se o Construtivismo, cuja base teórica é a Psicologia Genética, fundamentada em uma epistemologia interacionista. Se o conhecimento é construído, então as estruturas também são e se desenvolvem tanto em aspectos biológicos quanto cognitivos. As estruturas evoluem, isso quer dizer que os conhecimentos por ela assimilados também podem evoluir. É o que afirma Piaget quando menciona os estádios do desenvolvimento intelectual do sujeito. Além disso, contrário a que muitos acreditam, Piaget considera a influência da sociedade como um dos fatores do desenvolvimento intelectual do sujeito. E é justamente nessa interação com a sociedade que o sujeito constrói conhecimentos fundamentados, muitas vezes, no senso comum. De acordo com o Construtivismo, as estruturas evoluem, passando de um patamar para outro. Então seriam os conhecimentos dosenso comum base para a evolução de conhecimentos formais?

Palavras-chave: Construção de Conhecimento, Senso comum, Estruturas Cognitivas, Epistemologia Genética, Jean Piaget.

Texto completo

Júnior Saccon Frezza - É professor substituto de Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É licenciado em Física pela Universidade Federal de Pelotas e atualmente é aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Endereço físico: Avenida Bento Gonçalves, 9500, Caixa Postal 15051, 91501-970 - Porto Alegre, RS. E-mail: juniorfrezza@yahoo.com.br

Tania Beatriz Iwaszko Marques - É professora de Psicologia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É doutora em Educação e Psicóloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente é integrante do NEEGE. E-mail: taniabimarques@bol.com.br

Volume 2 Número 3 – Jan-Jul/2009 278
www.marilia.unesp.br/scheme

terça-feira, outubro 26, 2010

ATÉ 19/11 - INSCRIÇÕES para "Oficina de Produção Textual para EAD"

Oficina: Produção Textual para EAD

Capacitação Continuada de Professores e Tutores no Âmbito do Sistema Aberta do Brasil - UAB

Período: 23 de novembro, das 14h às 18h presencial (4h) e 8h (24 novembro a 01 de dezembro, a distância)

Carga horária: 12h (4h presenciais e 8h a distância)

Nº vagas: 30

Público-alvo: tutores dos cursos UAB e REGESD

Local: Avenida João Pessoa, 52, Laboratório de Informática da Faculdade de Ciências Econômicas, 3º andar, sala 37B e sala 14 no 1º andar

Ministrante: Profª Drª Suzana Damiani - Universidade de Caxias do Sul

Requisitos exigidos para os participantes: Usuário de ferramentas próprias de AVAs - Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Mais informações no site da SEAD: http://paginas.ufrgs.br/sead/capacitacoes/capacitacoes-sead/2010/novembro/oficina-producao-textual-para-ead

Inscrições de 19 de outubro a 19 de novembro pelo link: http://www6.ufrgs.br/sead1/goThere.php?id=33


Vale a pena conferir.

Cris Koehler.

Para ler: Fora de Mim - Martha Medeiros

Desfrutando a condição de uma das autoras mais populares do Brasil, Martha Medeiros estará hoje no Shopping Praia de Belas para o Conversa no Praia, em que falará ao apresentador Túlio Milman sobre seu mais recente romance, Fora de Mim. O livro compartilha alguns temas e estruturas do seu livro de sucesso Divã: uma mulher narra em primeira pessoa a necessidade de reconstruir a própria vida depois de uma separação.

Fonte: Segundo Caderno - Zero Hora - 26/10/2010.

Vale a pena conferir.
Cris Koehler.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Curso Mediadores de Leitura na Bibliodiversidade (FABICO/UFRGS/UAB)

A UFRGS através da Secretaria de Educação a Distância (SEAD) e do Grupo de Pesquisa LEIA (Leitura, Informação e Acessibilidade) da FABICO/UFRGS, com financiamento da SECAD/MEC pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) oferecem o Mediadores de Leitura na Bibliodiversidade: Curso de Extensão dos Pólos da UAB do Estado do Rio Grande do Sul.

O Curso oportunizará a reflexão e o debate relacionados à dinâmica da mediação da leitura em sala de aula, na biblioteca, na família e em outros espaços comunitários, envolvendo crianças, jovens, adultos e idosos, leitores, neo-leitores e não leitores.

O público alvo é formado por professores de Educação Básica, responsáveis pelas bibliotecas escolares, coordenadores/supervisores pedagógicos, gestores do sistema de ensino público federal, estaduais e municipais e pesquisadores na área de diversidade.

O Curso será oferecido para os Pólos UAB do Estado do Rio Grande do Sul: Agudo; Camargo; Cerro Largo; Constantina; Cruz Alta; Faxinal do Soturno; Herval; Hulha Negra; Jacuizinho; Mostardas; Restinga Seca; Santana da Boa Vista; Santana do Livramento Seberi; Sobradinho; Tapejara; Tio Hugo; Três de Maio.
A carga horária total do Curso é 90h, distribuída em 5 módulos, na modalidade de Educação Aberta e a Distância (EAD) mediado por computador.

Espera-se que, ao final, cada participante do Curso possa atuar como mediadores de leitura na comunidade, contribuindo, desta forma, para que as pessoas ampliem suas possibilidades de inclusão social, por meio do acesso à informação, da fruição dos bens culturais e do exercício da cidadania.

PROPOSTA DO CURSO:

O Curso de Extensão Mediadores de Leitura na Bibliodiversidade oportunizará a reflexão e o debate relacionados à dinâmica da mediação da leitura em sala de aula, na biblioteca, na família e em outros espaços comunitários, envolvendo crianças, jovens, adultos e idosos, leitores, neo-leitores e não leitores.

O público alvo é formado por professores de Educação Básica, responsáveis pelas bibliotecas escolares, coordenadores/supervisores pedagógicos, gestores do sistema de ensino público federal, estaduais e municipais e pesquisadores na área de diversidade.

O Curso será oferecido para os Pólos UAB do Estado do Rio Grande do Sul: Agudo; Camargo; Cerro Largo; Constantina; Cruz Alta; Faxinal do Soturno; Herval; Hulha Negra; Jacuizinho; Mostardas; Restinga Seca; Santana da Boa Vista; Santana do Livramento Seberi; Sobradinho; Tapejara; Tio Hugo; Três de Maio.
A carga horária total do Curso é 90h, distribuída em 5 módulos, na modalidade de Educação Aberta e a Distância (EAD) mediado por computador.

POLOS UAB DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

terça-feira, outubro 19, 2010

Tenho lido:


Com estudos recentes e inovadores sobre as contribuições da Teoria de Piaget ao processo pedagógico, os autores defendem que a escola atual exige um professor curioso e pesquisador. Dizem mais: que educar e pesquisar são tarefas complementares que se fecundam mutuamente. O ponto de encontro das duas é a reflexão que permite inventar novas ações educativas. Trazendo exemplos de práticas pedagógicas de professores pesquisadores, convoca todos os adultos a observar e a aprender com as crianças e os jovens sobre seus diferentes jeitos de pensar e agir. Leitura indispensável a todos que trabalham em prol de uma escola mais criativa e adequada ao século XXI.

BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia B. I. Ser professor é ser pesquisador. Editora Mediação, 1a ed, 2007.


segunda-feira, outubro 18, 2010

Aprendizagem em Ambientes Virtuais !


Aprendizagem em Ambientes Virtuais

Nos últimos meses, tenho lido sobre questões que envolvem a aprendizagem e aprendizagem mediada pelas novas tecnologias. O texto "Avaliação da Aprendizagem em Salas Virtuais, da Profa Mônica Arriada (UNISC)" nos remete a algumas reflexões bem pertinentes. Vale a pena conferir.

Avaliação da Aprendizagem em Salas Virtuais
Mônica Carapeços Arriada
monicaa@unisc.br

Resumo
Este texto apresenta o papel essencial da avaliação no processo de ensino-aprendizagem e discute caminhos para torná-la um instrumento para reflexão, aprimoramento das aprendizagens e desenvolvimento da autonomia dos estudantes. Com base na experiência de cursos a distância, na Universidade de santa Cruz do Sul, são apontadas possibilidades e estratégias avaliativas com o uso de Salas Virtuais, focando na plataforma MOODLE.
Palavras-chave: Avaliação, Educação a Distância, Salas Virtuais, Ambientes Virtuais de Aprendizagem.

Sobre o significado e intencionalidade da avaliação da aprendizagem

A avaliação do processo educacional é um fator central e determinante da aprendizagem. Sua aplicação tem uma função decisiva no progresso dos alunos, estabelecendo uma relação saudável de construção e aprimoramento dos conhecimentos ou como instrumento de preocupação excessiva, ansiedade e desmotivação.
Indispensável a toda atividade humana, avaliar é, em um sentido geral, emitir um juízo, uma interpretação sobre o valor ou a qualidade de certos ideais, trabalhos, situações, métodos. Porém, há que se superar concepções equivocadas desse processo, as quais, conforme aponta VASCONCELLOS, estão culturalmente relacionadas a classificação, controle e punição:
Historicamente a função docente foi sendo associada ao controle, à fiscalização, ao disciplinamento, à medida, à verificação, a tal ponto que para muitos professores sua principal tarefa passou a ser transmitir conteúdos e logo constatar o quanto os alunos assimilaram, indicando claramente, através de notas, conceitos ou menções, quais são os “aptos” e “inaptos”, ou seja, aqueles que não merecem prosseguir nos estudos (1998, p. 23).
A avaliação é um processo abrangente que implica uma reflexão crítica sobre a prática pedagógica e os processos evolutivos que estão sendo desencadeados nos agentes do sistema educacional (gestores, coordenadores, professores, alunos), no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos (VASCONCELLOS, 1998).
1 Departamento de Informática – Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).
Assim, avaliar é fundamental no sentido de proporcionar instrumentos de observação das transformações provocadas ao longo dos processos ensino- aprendizagem. Os resultados obtidos devem servir para, quando necessário, promover alterações na dinâmica educativa, potencializando o desenvolvimento aprimorado e pleno do educando.
Sendo assim, para que uma aprendizagem ocorra ela deve ser significativa, o que exige que seja vista como compreensão de significados, relacionando-se às experiências anteriores e vivências pessoais dos alunos, permitindo a formulação de problemas de algum modo desafiante que incentivem o aprender mais, o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções e conceitos, desencadeando modificações de comportamentos e contribuindo para a utilização do que é aprendido em diferentes situações.
Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um caráter dinâmico que exige ações de ensino direcionadas para que os alunos aprofundem e ampliem os significados elaborados, mediante suas participações nas atividades de ensino-aprendizagem.
Pensando na avaliação como parte do processo educacional, é necessário considerá-la como um recurso pedagógico capaz de incluir o aluno. Para isso, é necessária uma avaliação ao longo do processo ensino-aprendizagem objetivando diagnosticar o estudante e assim poder acompanhar e contribuir em tal processo, como afirma LUCKESI:
A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos exames, que não são amorosos, são excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem e marginalizam (2000, p. 7).
A avaliação, para assumir o caráter transformador e não de mera constatação e classificação, antes de mais nada, deve estar comprometida com a promoção da aprendizagem (e desenvolvimento) por parte de todos os alunos. Este é o sentido mais radical, é o que justifica a sua existência no processo educativo (2000, p.17).
No contexto social da atualidade, marcado pela mudança, o estabelecimento de critérios de observação da ação educativa é uma questão desafiadora. Se a missão da escola é o pleno desenvolvimento do educando, então a avaliação da aprendizagem, focalizada em conteúdos, não é suficiente. É necessário agregar à avaliação escolar indicadores que permitam acompanhar o domínio de capacidades e habilidades. Cabe, também, a ampliação das dimensões de análise, ultrapassando a avaliação individual e considerando o aluno em sua relação com a comunidade de aprendizagem de que participa.
Nessa perspectiva, GONÇALVEZ (2006, p. 174) destaca que na aprendizagem em rede, “a observação nos grupos de discussão, os comentários e, sobretudo, as interações grupais são elementos relevantes de informação do processo ensino-aprendizagem no contexto da avaliação formativa”.
A autora também aponta que a avaliação da aprendizagem via Web tem características próprias e sugere a importância de estimular a autonomia do aprendiz, possibilitando que ele também seja responsável pela avaliação de sua aprendizagem.
Torna-se fundamental a inclusão da auto-avaliação num sistema de auto-aprendizagem, sem prescindir de outras formas. Essa postura deve ser vinculada ao estímulo da co-responsabilidade, que poderá contribuir para que os participantes percebam e avaliem, respectivamente, sua própria aprendizagem e a dos demais (2006, p. 172)
OKADA e ALMEIDA (2006) esclarecem, ainda, que a avaliação da aprendizagem em rede deve ser considerada como contínua, formativa e diagnóstica.
A avaliação é contínua, pois deve ser processual, decorrente da ação-reflexão-ação aprimorada durante a construção do conhecimento e não em momentos isolados no final das etapas.
Como avaliação formativa, compreende-se que a avaliação envolve não apenas aspectos cognitivos, mas também aspectos atitudinais.
E a avaliação diagnóstica ou investigativa pode ser aplicada desde o início da aprendizagem para verificar conhecimentos prévios e durante o processo para diagnosticar o processo visando seu aprimoramento e, em alguns casos, definindo estratégias pedagógicas alternativas.
Esclarecido o significado, a intencionalidade e as diferentes dimensões da avaliação, passa-se para a apresentação de alguns instrumentos que podem ser utilizados na EaD.
Instrumentos de avaliação no contexto de ensino-aprendizagem virtual
Nos cursos a distância ofertados na UNISC, cabe aos professores o planejamento dos instrumentos de avaliação utilizados no processo educativo, tendo como base o referencial pedagógico do curso e, sempre que possível, buscando articular a proposta com os tutores. Cabe esclarecer que o profissional da tutoria, tem formação na área do curso, e atua em parceria com o(s) professor(es) de cada disciplina, tendo como principal responsabilidade facilitar o processo de construção do conhecimento da turma. Devido ao intenso acompanhamento dos estudantes no processo educativo e vínculo com os mesmos, normalmente mais intenso que o estabelecido com os professores, os tutores são essenciais na avaliação continuada da aprendizagem dos alunos. Dentre as funções que estes profissionais exercem no processo avaliativo do desempenho dos alunos no curso, podemos citar:
 analisar a freqüência e a participação e empenho dos alunos;
 orientar os alunos sobre a comunicação online adequada e sobre demandas da aprendizagem a distância;
 promover atividades de socialização e interação entre o grupo e avaliar posturas de aprendizagem cooperativa e autônoma, repassando ao professor seu parecer.
 identificar pontos a serem problematizados, aprofundados e articular ações, juntamente com o professor da disciplina, na tentativa de corrigir percepções equivocadas e proporcionar retomadas de aprendizagens não construídas;
Saliento a importância de serem previstos nos cursos processos de retomadas de aprendizagens não construídas, para cada tarefa avaliativa e ao final do processo, caso o aluno não obtenha êxito. Nossa proposta considera o resultado das avaliações como a expressão da síntese do conhecimento que os alunos atingiram até determinado momento. Se não chegaram a um nível satisfatório, não devem ser punidos, mas podem optar por um plano de estudos para resgatar o que não construíram adequadamente.
A escolha dos instrumentos de avaliação é também vinculada aos recursos disponíveis nas tecnologias empregadas em determinada proposta de Educação a Distância.
Neste trabalho, abordarei algumas estratégias avaliativas, por meio do uso de Sala Virtual, na Plataforma MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment), por ser um ambiente vastamente utilizado na atualidade. A plataforma MOODLE oferece diversos benefícios, podemos destacar o fato de a plataforma ser gratuita, desenvolvida em software livre, com código-fonte aberto, apresentando suporte a mais de 75 idiomas e disponibilização de novas funcionalidade e aprimoramentos com bastante agilidade. Acerca do último aspecto, cabe destacar que o desenvolvimento da Plataforma é feita por uma extensa comunidade de colaboradores de todo o mundo.
O fato do MOODLE disponibilizar seu código fonte abertamente proporciona que cada instituição se aproprie e realize configurações/adaptações próprias para melhor atender suas necessidades. Portanto, é comum que as Salas Virtuais de diferentes Instituições tenham recursos e aparência distintas. No exemplos citados aqui, serão ilustrados com base em minha experiência com a Sala Virtual utilizada na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Entretanto, as mesmas poderão ser facilmente recontextualizadas para outras Salas na mesma plataforma, visto que, independentemente de diferenças relativas ao desenho gráfico, as funcionalidades básicas se mantém, de acordo com as versões lançadas pela Comunidade Moodle.
Em primeiro lugar, saliento a importância da equipe docente registrar suas observações, reflexões, aspectos gerais sobre a participação dos alunos no curso. Para este tipo de acompanhamento e registro a Sala Virtual oferece bons instrumentos, disponível ao clicar no nome de cada aluno (Figura 1: Usuários). Neste espaço é possível analisar relatórios de participação do
estudante e inserir anotações úteis para que toda equipe docente esteja a par de sua situação no curso.
Figura 1: Recurso de anotações, acerca de determinado usuário no curso
Na Sala Virtual, todas as atividades possibilitam registros avaliativos, para fins de atribuição de nota e/ou avaliação conceitual. Por meio de configurações, apresentadas no momento de criação de cada atividade, os professores podem habilitar também os estudantes a avaliar as produções e definir a escala avaliativa.
As diferentes configurações possível permitem ao professor maior flexibilidade e oportunidade de diversificar as estratégias avaliativas, integrando:
 Avaliação individual ou em grupo;
 Comentários avaliativos por parte do professor e/ou entre pares;
 Auto-avaliação.
Na continuidade, exemplifico e comento algumas destas estratégias.
Para perceber o potencial pedagógico de cada estratégia, é fundamental termos clareza acerca de características específicas do contexto educativo da Sala Virtual, em um processo pautado em princípios de construção coletiva do conhecimento, típicos das Comunidades Virtuais da Aprendizagem. De forma ampla, o contexto de ensino-aprendizagem online, potencializa:
 Flexibilidade no tempo e espaço: a Sala Virtual é disponível via Internet, de forma que permanece sempre "aberta" e disponível de qualquer local;
 Respeito ao ritmo e necessidades individuais: como conseqüência natural da flexibilidade de tempo, os estudantes podem realizar seus estudos de acordo com ritmo e necessidades próprias. Portanto alguns alunos irão interagir com a equipe docente na busca por aprofundamentos em interesses pessoais, enquanto outros com dificuldades poderão intensificar seu foco e buscar ajuda nos estudos do currículo básico do curso.
 Interação de forma cooperativa: diferentemente do presencial, onde o professor costuma ter uma posição de destaque e centralizar o processo, em uma Sala Virtual todos interagem livremente. A flexibilidade de tempo também facilita enormemente, visto que praticamente não existem restrições de tempo para escrever uma mensagem, por exemplo na ferramenta de Fórum, e há a possibilidade de todos “falarem ao mesmo tempo”.
 Estímulo à autonomia do estudante: na EaD liberdade está diretamente relacionada com responsabilidade para administrar seu próprio tempo de estudo, auto-conhecimento (percebendo seu ritmo, necessidades específicas, ambiente e estratégias favoráveis para a aprendizagem) e habilidade de atuar em grupo.
Acerca do último aspecto citado - autonomia. Algumas instituições menos comprometidas utilizam-se do termo de forma inapropriada, sugerindo que o estudante deva “se virar sozinho”, para justificar menor investimento no serviço de apoio ao aluno e mediação pedagógica durante o processo educativo. A fim de evitar interpretações equivocadas, cabem alguns esclarecimentos acerca do conceito de autonomia.
Jean Piaget caracterizava autonomia como a capacidade de coordenação de diferentes perspectivas sociais. Para Piaget, autonomia não tem a ver com isolamento ou "se virar sozinho”. Muito pelo contrário, tem a ver com a capacidade de estabelecer relações cooperativas. Portanto, podemos afirmar que uma pessoa é autônoma somente quando for capaz de atuar em parceria com os outros para atingir um objetivo compartilhado, mantendo uma postura de respeito mútuo, reciprocidade, livre expressão entre outros aspectos relacionados à uma conduta cooperativa (Ramos, 1999).
A compreensão do potencial intrínseco da cooperação no processo educativo em uma Sala Virtual, aponta também a pertinência da realização de atividades avaliativas em grupo. São diversas as atividades em grupo passíveis de serem realizadas na Sala Virtual, como debates (em fórum ou bate-papo); pesquisas; produções textuais; resolução de problemas entre outras. Independentemente da atividade, o sucesso de qualquer ação coletiva depende essencialmente de diálogo. Desta forma, é interessante avaliar e instigar o aprimoramento dos estudantes no uso de ferramentas triviais de comunicação online, como o Fórum.
A avaliação da participação em um fórum deve contemplar, além dos critérios técnicos (vinculados a habilidades e saberes específicos relativos aos conteúdos), também critérios atitudinais, a citar: habilidade de comunicação e expressão; criticidade e pensamento complexo, capaz de estabelecimento de sínteses, relações globais; interação cooperativa, contribuindo para a construção coletiva do conhecimento. Para facilitar essa avaliação e instigar a tomada de consciência dos alunos, costumamos propor em nossos cursos na EaD UNISC, que os alunos avaliem sua participação em um fórum específico ou nos fóruns em geral, com base em critérios estabelecidos por nós, exemplificados, na tabela abaixo:
Analise as contribuições que você postou no(s) fórum(ns) de estudo, segundo os critérios abaixo:
Habilidade de escrita:
 Tenho cuidado para evitar erros de digitação e ortografia;
 Busco me expressar de forma clara;
 Minhas mensagens são concisas e, sempre que possível, procuro agrupar minhas idéias em uma única mensagem para facilitar a leitura e organização do fórum.
Com base na observação realizada, que nota você atribui para a sua habilidade de escrita?
Por que você considera que merece essa nota? Justifique.
Postura crítica e reflexiva:
 Expresso reflexões pertinentes acerca dos conteúdos estudados;
 Justifico minhas reflexões;
 Demonstro ter compreendido os conceitos necessários para atingir os objetivos propostos.
Com base na observação realizada, que nota você se atribui no que se refere ao aspecto construção do conhecimento?
Por que você considera que merece essa nota? Justifique.
Autonomia e cooperação:
 Demonstro respeito à diversidade de idéias e compartilho minha opinião a partir das colocações dos colegas;
 Busco trazer questionamentos significativos a partir das colocações dos colegas;
 Busco estabelecer relações entre idéias colocadas pelos colegas;
 Colaboro na construção coletiva do conhecimento aprofundando idéias/conceitos e/ou colocando uma nova perspectiva.
Com base na observação realizada, que nota você atribui para a sua postura cooperativa e autônoma?
Por que você considera que merece essa nota? Justifique.
Tabela 1: Critérios para auto-avaliação da participação em um Fórum
É importante enfatizar que a auto-avaliação não exclui o olhar cuidadoso também por parte da equipe docente. Quando o(a) cursista realiza uma auto-avaliação, especialmente quando são inexperientes nesse tipo de procedimento, eles possuem dificuldades para se observarem e perceberem suas limitações (ou ao contrário, por vezes não percebem suas qualidades positivas). Assim, cabe ao professor e/ou tutor também tecerem seus comentários, contribuindo para uma percepção mais ampla e aprimoramento das habilidades do estudante. O parecer da equipe docente, privilegia a intencionalidade da avaliação, que não almeja o estabelecimento de notas e conceitos, mas essencialmente conscientizar acerca da qualidade de suas produções no curso e dos aspectos que poderiam ser aprimorados. A imagem abaixo2 ilustra o processo realizado usando a ferramenta Tarefa, por meio da qual os alunos fizeram a entrega do arquivo com as respostas às questões propostas (Tabela 1) e o professor incluiu seu parecer. Também já utilizamos
2 Para garantir a privacidade de nossos estudantes, os nomes e fotos foram encobertos na imagem.
estratégia semelhante como proposta para avaliação entre pares, quando cada estudante usou esses critérios para avaliar outro colega.
Figura 2: Tarefa de auto-avaliação de participação em Fórum
Ainda acerca da auto-avaliação, idealmente, a equipe docente também deve analisar-se no processo, debater e aprimorar sua atuação. No quadro abaixo são apresentados questionamentos propostos por Ramos et. al. (2009, p. 46-47) aos formadores do Curso de Introdução à Educação Digital, do Programa Proinfo Integrado - MEC.
Deixamos algumas perguntas para finalizar esta seção sobre avaliação, que, acreditamos, podem nos ajudar a refletir sobre o modo como estamos avaliando nossos alunos. Elas serão colocadas em primeira pessoa, porque entendemos que cada um de nós precisa fazê-las sinceramente para si mesmo:
 O que eu faço com o resultado do processo de avaliação que realizo? (Conheço? Adapto? Regulo? Situo? Compreendo? Tranquilizo? Apoio? Reforço? Facilito? Dialogo? Desafio? Provoco? Harmonizo? Oriento? Exploro? Identifico?).
 O que eu faço quando percebo que houve um erro? Como eu trato o erro? Corrijo? Interpreto? Investigo sua causa? Entendo? Acompanho? Compreendo o pensamento do aluno? Como explico o erro que o aluno cometeu?
 Qual é o meu papel na avaliação que faço? Que tipo de erro eu permito? Que tipo de erro eu provoco? Por quê?
 Peço pra refazer? Que subsídios forneço para este refazer?
 Privilegio o FAZER em detrimento do COMPREENDER? O sujeito precisa tomar consciência sobre como faz e por que faz. Meus instrumentos de avaliação proporcionam esta tomada de consciência?
Promovo a construção de sínteses e análises autônomas?
 Como considero as atitudes ou a postura? Atitudes e posturas com relação a quê? (Colegas? Professores? Conhecimento? Tarefas?) Estou deixando que o bom “comportamento”, a atitude amigável substitua a compreensão?
 Avalio atividades feitas em grupo? Como avalio a participação individual nestes casos? Consigo diferenciar os níveis de compreensão individuais?
 Quem avalia? Apenas eu, o formador? Incluo avaliações externas ao processo? Os alunos a si mesmos e aos outros?
Tabela 2: Questionamentos para auto-avaliação docente
Conforme mencionado anteriormente, os instrumentos e estratégias possíveis são diversos. Com clareza da intencionalidade do processo avaliativo a equipe docente poderá usar de sua criatividade para diversificá-las da forma que melhor lhe convier. SARDELICH (2006, p. 216) sintetiza estratégias avaliativas citadas em referências da área:
 provas objetivas, realizadas por ferramentas disponíveis nos Ambientes Virtuais;
 mapas conceituais que permitem ao professor analisar o processo de seleção, a relação de conceitos que cada aluno estabelece;
 exercícios de auto-avaliação;
 portfólio para incluir atividades diversas como relatórios, resolução de problemas etc;
 cumprimento das atividades e tarefas sugeridas pelo professor;
 participação nas tarefas de grupo;
 contribuições em fóruns e bate-papos;
 recursos adicionais trazidas pelo aluno ao grupo.
Qualquer dos instrumentos acima apresentados é passível de realização na Sala Virtual da plataforma MOODLE, ainda que por meios indiretos (no caso de mapa conceitual, o aluno criará seu mapa por meio de outra ferramenta e enviará o arquivo pela Sala Virtual).
Caso o educador deseje utilizar alguma atividade específica, não disponível na Sala Virtual de sua instituição, pode, ainda, solicitar que a equipe técnica faça uma busca no repositório de módulos do MOODLE, pois talvez exista algum módulo possível de ser instalado para atendê-lo.
Considerações finais
Para finalizar, reafirmo minha convicção e desejo de desenvolver uma educação envolvida com o sujeito e seus processos de subjetivação, com a construção coletiva do conhecimento e com as vivências da ética e da cidadania consciente.
No contexto da Educação a Distância, em Salas Virtuais, as possibilidades de alcance dessas metas são potencializadas por meio do estímulo de condutas de aprendizagem autônoma e cooperativa e pela facilidade de registro e acompanhamento do progresso dos alunos no curso.
Referências
GONÇALVES, Maria Ilse Rodrigues. Avaliação no contexto educacional online. In: Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Edições Loyola, 2006, 171-181.
LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar. 10ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2000.
OKADA, Alexandra Lilaváti; ALMEIDA, Fernando José de. Avaliar é bom, avaliar faz bem: os diferentes olhares envolvidos no ato de aprender. In: Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Edições Loyola, 2006, 267-285.
RAMOS, Edla Faust. O papel da avaliação educacional nos processos de aprendizagem autônomos e cooperativos. In. Formação do Engenheiro: desafios da atuação docente, tendências curriculares e questões da educação tecnológica. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999, p. 207-228. Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/~edla/publicacoes/WSEngRevisado.zip. Acesso em: 10/08/2010.
RAMOS, Edla Faust, FIORIENTINI, Leda Maria Rangearo, ARRIADA, Mônica Carapeços. Introdução à Educação Digital: guia do formador. 2. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância, 2009. 108p. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000011848.pdf. Acesso em: 10/08/2010.
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