sábado, novembro 24, 2007

EaD e a Formação de Professores - Parte I (Profa Dra Vani Kenski) !

A Educação a distância é a modalidade educacional que mais tem crescido no Brasil. Dados do Anuário 2007 da ABRAED mostram que, entre os anos de 2005 e 2006, o número de alunos matriculados em cursos a distância em instituições educacionais autorizadas cresceu 54%. Em 2005, haviam 504.204 alunos matriculados e em 2006 esse número cresceu para 778.458 alunos. O apoio do Ministério da Educação e a legislação brasileira, a partir da Lei 9394/96, tem gradativamente apresentado a EAD como forma viável de se alcançar o ideal democrático de educação para todos, em todos os tempos e em todos os lugares. Apoiada em suportes tecnológicos variados, a educação a distância é sobretudo uma forma difenciada de ensinar e de aprender. O Decreto 5.622/2005, que regulamenta a educação a distância no Brasil, caracteriza-a como modalidade educacional na qual a mediação didático–pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Em seu parágrafo primeiro, o mesmo decreto determina que a “educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares...”. É importante ressaltar que existe grande diversidade na organização metodológica, na gestão e na avaliação de cursos a distância oferecidos, em diferentes mídias. Sob o mesmo rótulo de Educação a Distância (EAD) encontram-se diversos tipos de cursos com encaminhamentos radicalmente diiferentes em seus planejamentos e desenvolvimentos. Cursos oferecidos via impressa são produzidos de forma bem distinta dos realizados em vídeo-conferências. Mais específicas ainda são as formas de produção, acompanhamento e avaliação das inúmeras modalidades dos cursos on-line: dos tutoriais aos colaborativos. Muito mais complexa é a criação de cursos para os mundos virtuais tridimensionais, tipo Second Life, já utilizados em centenas de universidades estrangeiras, em que, incorporados em avatares, alunos e professores se movimentam, interagem, enfrentam desafios e aprendem. Mesmo os cursos presenciais apoiados em TICs requerem novas habilidades dos docentes e dinâmicas diversificadas para as aulas. Para o planejamento, a organização, o desenvolvimento, a avaliação e a definição de todas essas ações são necessários professores muito bem formados. Não é no entanto o que mais vemos nas práticas cotidianas de EAD, sobretudo on-line. Nesses cursos, prevalece a relação entre o uso das mais avançadas práticas tecnológicas e as mais retrógradas ações pedagógicas. Algo como estarmos em espaços em que existe o máximo de possibilidades interativas e comunicativas a ser explorado e onde os alunos entram para assistirem monótonas aulas expositivas apresentadas por professores que muitas vezes sabem muito, mas não sabem comunicar, explorar o ambiente, levar os alunos a participar, envolvê-los na ação, na interação, na comunicação e na troca de informações. Produzir um real ambiente didático-pedagógico em que os alunos se sintam envolvidos, respeitados, aceitos que os façam ter interesse de interagir e avançar no conhecimento. Neste sentido, o mesmo Decreto 5.622/2005 (parágrafo 8 do artigo 12) – determina que para uma instituição ser credenciada para o oferecimento de cursos em EAD, precisa “apresentar corpo docente com as qualificações exigidas na legislação em vigor, e preferencialmente, com formação para o trabalho com educação a distância”. Chega-se assim ponto principal dessa minha reflexão: a necessidade de formação adequada de professores para esses novos trabalhos em educação. Vou dar continuidade a este tema nos próximos textos, refletindo sobre a formação dos professores em duas perspectivas diferentes: a formação docente feita a distância e a formação para que assumam a docência, a distância. Analiso aspectos legais e algumas práticas e procedimentos já realizadas por instituições nacionais e internacionais nesses sentidos.

Referência Bibliográfica:

KENSKI, V. EaD e a Formação de Professores - Parte I. Documento on-line disponível em: http://www.siteeducacional.com.br/, acessado em 23/11/2007.

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