sábado, novembro 13, 2010

Educar: Para quê ?

Cristiane Koehler *

Quando pensei na tarefa de escrever um texto sobre “para que educar?”, a primeira ideia que me veio à mente foram outras perguntas: “por que estudamos a vida inteira ?”, “por que tantos jovens disputam vagas acirradas nos processos seletivos das universidades públicas e privadas ?”, “por que tantas pessoas estudam para disputar vagas concorridas em concursos públicos ?”, “ por que tantas pessoas, mesmo depois de formadas numa graduação, ainda estudam para provas de área, como OAB, AMRIGS, RESIDÊNCIA MÉDICA, etc... ?”, “e por que tantas pessoas que já se formaram numa graduação, voltam a estudar para seleção em programas de pós-graduação (especializações, mestrado e doutorado) ?”, e finalmente, “ por que eu mesma voltei a me matricular num curso de graduação, se já tenho graduação e pós-graduação completos ?”.

Todas estas questões vieram à minha mente, logo que comecei a pensar por que educamos.

No entanto, primeiramente, gostaria de escrever sobre por que estudamos. Penso que as pessoas começam a estudar para melhorar de vida, pois estamos acostumados a ouvir nossos pais dizerem que temos de estudar para ter um futuro melhor. Quando nossos pais diziam isso, eles queriam dizer que precisávamos estudar para termos uma profissão, um trabalho, uma ocupação que nos desse condições de nos sustentar no futuro, para termos a nossa vida própria. Logo, crescemos ouvindo que estudar é importante para melhorar de vida, melhorar as nossas condições financeiras e termos uma profissão, para sermos gente com algum reconhecimento.

No momento em que estamos estudando, encontramos com muitas pessoas, dentre elas os nossos professores. E aí vem outra pergunta, por que tantas pessoas estudam para serem professores ? por que tantos jovens ocupam bancos escolares em cursos de licenciatura ? Será que todas estas pessoas que estudam para exercer a profissão docente, têm realmente em mente o que é ser um professor ?

Quando eu escolhi a minha profissão, analista de sistemas, pensava que eu iria trabalhar num grande CPD, com muitos computadores, que eu iria resolver problemas administrativos numa grande empresa privada ou em algum cargo público. Lembro que quando escolhi o meu curso de graduação, pensei: ”a computação é a profissão do futuro, no futuro terá muito trabalho à disposição das pessoas que souberem trabalhar com computadores.”

Depois, passaram-se alguns anos, estava formada em Ciência da Computação e trabalhando como analista de sistemas em uma empresa prestadora de serviços de informática, em Florianópolis-SC. Nessa época, fiquei sabendo de um concurso público para analista de sistemas do SEPRORGS (Serviço de Processamento de Dados do RS), me inscrevi e fui estudar para o concurso.

Quando iniciei os meus estudos para o concurso, vi que tinham algumas matérias que eu não havia tido na graduação, e então fui procurar na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a possibilidade de cursar estas matérias como aluna especial na pós-graduação em Ciência da Computação.

Após passado alguns meses, vi que eu gostava muito de estudar, de estar no meio universitário, em contato com pessoas novas, aprendendo e discutindo sobre coisas novas, construindo e discutindo ideias. Logo, comecei a apresentar trabalhos em eventos científicos e vi que eu gostava mesmo era de estar em contato com as pessoas, conversando, discutindo o que eu havia descoberto com as minhas pesquisas, mostrando o que isso estava influenciando, onde as coisas que eu estava estudando poderiam ser aplicadas. Durante todo o tempo que estive cursando a minha pós-graduação, a convivência com a minha professora orientadora foi muito importante, também, na minha decisão de seguir com a carreira docente.

Hoje, posso dizer que passados 13 (treze) anos de formada na graduação, descobri que o que eu quero mesmo é ser professora. E fiquei muito feliz com a minha descoberta, pois desde então não parei mais de estudar, estudar e estudar, não somente para ter uma profissão como meus pais diziam, mas hoje eu estudo com o objetivo de crescer pessoal e intelectualmente, para compreender o mundo e as pessoas com as quais convivo, para viver melhor, com mais qualidade de vida, consciente de tudo o que está acontecendo ao meu redor.

E aí vem uma das últimas perguntas: “mas por que estudamos tanto ?”, “por que estamos sempre pensando que temos alguma coisa ainda para aprender ?”. Porque somos seres inacabados, estamos em constante processo de construção de nós mesmos.

E a última e primeira pergunta: “mas para que educar ?”, penso que precisamos educar os nossos filhos em casa e os nossos estudantes na instituição escolar, para conscientizá-los que temos de construir um mundo melhor, com pessoas mais conscientes dos seus atos, mais responsáveis pelo meio em que vivem e com mais afeto ao próximo.

Finalmente, acredito que precisamos educar e nos educar a ser: Humano, a ser gente.

* Cristiane Koehler, professora universitária, possui Graduação e Mestrado em Ciência da Computação. Estudiosa das novas tecnologias na educação, e atualmente, está se preparando para a seleção do Doutorado em Educação/UFRGS.

Nenhum comentário: